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Cidade; Campo (2024) | Análise

04/11/2024

Análise escrita por Ernesto Loaiza.

Dirigido por Juliana Rojas e montado por Cristina Amaral, homenageada da 14ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, Cidade Campo (2024) conta duas histórias, uma em cenário urbano e a outra em cenário rural, de resistências e de descobertas em contexto de migração. É interessante, também, o fato de que essas duas histórias, de vivências tão distintas, são tratadas com estilos bem diferentes entre si.

A primeira história é sobre Joana, mulher da roça mineira que perdeu sua casa devido ao rompimento de uma barragem, que devastou a região. Ela viaja até a casa de sua irmã, na cidade, e, por indicação de seu sobrinho de doze anos, passa a trabalhar como faxineira em um aplicativo chamado Diarex. É interessante notar que o contexto dos impactos da mineração e das barragens tem aparecido cada vez mais no cinema nacional, um resultado direto, é claro, do esforço artístico em trazer essas questões seríssimas, haja vista as catástrofes de quebra de barragens recentes, à tela. Porém, o filme não é exatamente sobre isso, mas sobre como é para uma sobrevivente de um desastre como esse tentar seguir em frente, especialmente considerando o deslocamento do campo à cidade. Apesar disso, ainda que a diretora discurse sobre questões atuais e latentes no país, como a informalidade nesses trabalhos por aplicativos, e, consequentemente, o desamparo jurídico aos trabalhadores nesse tipo de sistema, o filme tem um coração familiar. É nas conversas que ela tem com seu sobrinho que as diferenças de percepção de mundo são apresentadas, mas de maneira educativa, o garoto cria um laço bonito com a tia, em parte pela curiosidade sobre seu passado na roça.

Já a segunda história é sobre Flávia e Mara, casal que vai até a fazenda que Flávia herdou do pai, recém-falecido, e deparam-se com aprendizados do dia a dia rural e com memórias de um passado sensível. De maneira similar, o coração dessa segunda parte do filme também está nas relações familiares, seja entre Flávia e seu falecido pai, seja entre as duas. E, no que tange o espaço ao redor, este segmento toma um caminho mais abstrato, devido ao silêncio do campo, que pode fazer até os pensamentos ecoarem pela casa. Há uma tensão grande por parte dos pensamentos e das sensações de Flávia, por ainda estar agarrada na figura de seu pai, e, por isso, deve passar por um processo de cura, que envolve conectar-se com a natureza de maneiras que ela jamais experienciou na cidade.

Além disso, Cidade Campo é um filme que ilustra bem que viver bem não é apenas sobre ter uma casa, mas sobre as memórias e paixões que são construídas na casa, para que se torne um lar. Dois contos com dois estilos, com uma abordagem humana e delicada sobre todas essas questões apresentadas.

Serviço:
14º Mostra Cinema e Direitos Humanos

Assessor de Imprensa da Mostra:
Jéferson Cardoso
jefersonzc@gmail.com

Para dúvidas e mais informações:
oficialmcdh@gmail.com

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