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Realizadores destacam importância da 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos 

01/04/2024

Realizadores dos filmes reunidos na 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos fazem questão de ressaltar o alcance nacional das exibições, nas 27 unidades do país. Diretoras e diretores frisam também a atualidade do tema proposto pela Mostra e a importância do audiovisual para “Vencer o ódio, semear horizontes”.

“Eventos como esse proporcionam uma forma poderosa de amplificar vozes e histórias que promovem a compreensão e a empatia. No nosso caso, que produzimos um cinema de quebrada feito por quem é das quebradas, é essencial associar qualquer produção feita pelo nosso povo ao tema dos direitos humanos. Ao expor questões relacionadas ao tema, especialmente aquelas que combatem o ódio e promovem a diversidade, contribuímos para uma conscientização pública mais ampla sobre temas cruciais”, diz Lincoln Péricles, diretor de “Mutirão, O Filme”. 

Para ele, uma mostra de cinema de direitos humanos é um espaço de diálogo e reflexão, onde os espectadores têm a oportunidade de se engajar com temas complexos e urgentes que afetam a sociedade: 

“Os filmes exibidos podem inspirar mudanças de atitude, mobilizar ações e encorajar a solidariedade entre as pessoas. Esses eventos também fornecem uma plataforma para cineastas e artistas comprometidos com a defesa dos direitos humanos, dando visibilidade para nós e apoio para continuar produzindo conteúdo relevante.”

Realizadora de “Me Farei Ouvir” ao lado de Flora Egécia, Bianca Novais Queiroz também cita a importância de poder chegar a uma plateia maior com a Mostra.

“É uma honra e uma oportunidade única de levar o filme para um público amplo e diverso, que constitui nosso país. Nosso filme, que foi viabilizado por meio de financiamento coletivo, aborda o impacto da presença de mulheres nos espaços de poder na política brasileira, além de inspirar o público a imaginar um Brasil onde elas não sejam absoluta minoria quando se trata de postos de decisão — em especial as negras, indígenas, lgbtqi+ e pcd —, e poder instigar esse debate em âmbito nacional é muito gratificante. A força do discurso das personagens acessa a sensibilidade até daquele que vê com descrença o ‘papel da mulher’ e, apesar das experiências duras que elas apresentam em suas trajetórias, em grande parte das vezes as exibições culminam em uma sensação de esperança e força de ação em prol da promoção de mais mulheres na política, principalmente mulheres de negras, que são o maior grupo demográfico do país, segundo o IBGE”, diz Bianca Novais. 

A diversidade da programação é destacada por Jo Serfaty, de “Um Filme de Verão”:

“Sinto que a Mostra, ao trazer este tema e abordagem, traz filmes que propõem mais do que constatam situações. Reúne um conjunto de filmes que nos convidam a especular dentro de uma realidade, indo além do que é visível, e nos permite vislumbrar novas formas de imaginar a realidade, sem moldá-la em algo já conhecido. Nesse sentido, eles inspiram sensações, estranhezas e desconexões que despertam nossa sensibilidade e nos colocam não apenas em uma posição reativa, mas também nos fazem imaginar que algo poderia mudar. É interessante observar que se trata de um filme sobre juventude periférica, mas que não aborda temas como violência e drogas, tão comuns nas representações desses jovens. Ao invés disso, retrata-os lidando com problemas comuns, como qualquer jovem no mundo. Em um festival na Rússia, por exemplo, jovens de todas as idades se identificaram e se emocionaram com o filme. Acredito que o filme não cria abismos entre os personagens e os espectadores, mas, inesperadamente, aproxima essas pessoas de mundos em comum.”

Diretor e roteirista, R.B. Lima diz que ficou muito feliz pelo convite para a participação do filme “Adão, Eva e o Fruto Proibido“.

“Ele procura criar novas perspectivas usando como base um arranjo familiar em que o afeto é a força motriz. Acredito que a empatia e o afeto são o início dessa longa jornada que é vencer os diversos discursos de ódio que enfrentamos atualmente.  Acredito que o principal ponto de destaque diz respeito justamente à intenção do filme que é desmistificar e naturalizar as relações das pessoas trans e da população LGBTQIAPNB+ em geral, mostrando para a sociedade que não nos limitamos aos nossos gêneros e sexualidade. Que temos desejos e necessidades como qualquer outro cidadão“, frisa R.B. Lima.

Ao poder falar da conscientização das crianças na luta contra a crise climática em “Cósmica” para mais pessoas, incluindo os jovens, Ana Bárbara Ramos conta também da satisfação em poder participar da Mostra como realizadora.

“Estou muito feliz, é uma Mostra pela qual tenho muito carinho. Durante um período, fui produtora local, em João Pessoa, onde a Mostra é muito aguardada. Exibir o filme é uma grande alegria, considerando o tema deste ano. É uma escolha muito assertiva de como os filmes podem propor uma revisão do que nós vivemos nos últimos anos, enquanto país. É uma forma de repensar, não com o sentimento da divisão, a possibilidade de reconfigurar e nos unirmos para pensar um horizonte comum. O cinema e a produção artística colaboram muito para a cultura dos direitos humanos”, diz Ana Bárbara, que também fez a mediação e direção com Felipe Leal, ao lado dos estudantes da EMEIF José Albino Pimentel, do filme “Tesouro Quilombola”, no quilombo Gurugi-Ipiranga, em Conde, na Paraíba.

Já a diretora de “Filha Natural”, Aline Motta, conta que tem procurado com o trabalho unir a origem da família dela com a história do país, preenchendo algumas lacunas num exercício de imaginação radical, por conta do apagamento e do racismo.

“É importantíssimo que meu filme tenha sido convidado para ser assistido e debatido num festival que conecta cinema com os direitos humanos. Sinto que semear horizontes é exatamente a ativação de sonhos de um país mais justo, com novas imagens e narrativas”, sintetiza a artista.  

Para Bertrand Lira, participar da Mostra, circulando por 27 estados brasileiros, traz para “A Poeira dos Pequenos Segredos uma divulgação jamais alcançada, apesar da participação em outros festivais e mostras: 

“Esta em particular redimensiona a importância do tema tratado: os direitos do macho sobrepondo os de uma mulher, resignada na sua solidão com o ‘exílio’ voluntário do companheiro. E mais importante, a reviravolta do desfecho com a mulher tomando as rédeas do seu destino. Há uma identificação e empatia imediata, sobretudo entre as mulheres, em relação à situação de opressão da protagonista. As pessoas destacam a questão de que a história é baseada em um conto escrito por um homem (o escritor paraibano Geraldo Maciel) e sua adaptação para o cinema também feita por homem com muita sensibilidade.  Isso me deixa feliz por acreditar que a igualdade deve ser construída entre humanos mulheres e homens com qualquer tipo de orientação sexual e identificação de gênero.” 

Criadores de “Escrevivência e Resistência: Maria Firmina dos Reis e Conceição Evaristo”, Renato Barbieri e Juliana Borges estão satisfeitos em levar a obra para tantos lugares diferentes. O filme é o 11º episódio da série “Libertárixs”, exibida na TV. 

“Estamos muito honrados de participar dessa Mostra com esse recorte temático, em um momento de tanto ódio e polarização. Nosso filme propõe muito olhar para o futuro, considerando o passado e o presente também. É fundamental que a gente entenda o passado escravagista do Brasil para entender o país racista de hoje”, afirma Juliana Borges.

Para Renato Barbieri, o cinema é fundamental na arte de fazer pontes:

“Primeiro, é uma honra estar na seleção de uma Mostra tão bela, potente e consistente. O cinema tem papel importantíssimo para vencer o ódio e semear horizontes, mostrando a vida por outras perspectivas, na leitura do nosso tempo. Estou achando a Mostra incrível, a mais abrangente que já vi no país, em tantas cidades. É um trabalho de comprometimento na comunicação de conteúdos relevantes.”

Serviço:
14º Mostra Cinema e Direitos Humanos

Assessor de Imprensa da Mostra:
Jéferson Cardoso
jefersonzc@gmail.com

Para dúvidas e mais informações:
oficialmcdh@gmail.com

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